Segunda-feira, 4 de Setembro de 2006
“Se eu não fizer barulho, levas-me contigo no intervalo dos teus medos?”
Os amigos por vezes receiam fazer perguntas. Não sabem como abordar a questão. Penso que têm medo de dizer algo que não devem. Isso acontece-me constantemente quando quero acarinhar alguém que está em baixo. Parece que as palavras nascem enferrujadas nessas alturas. E depois pensamos – e com razão – que devemos dar ao outro o seu espaço, que não lhe faz bem falar continuamente sobre o assunto. Mas o que fazer quando o outro precisa de falar sobre isso? Desviar a conversa é mais fruto do nosso medo do que da vontade de pôr o outro a pensar em coisas diferentes. Como em tudo na vida, é difícil encontrar um equilíbrio. Mas encontra-se, basta perder o medo de falar sobre a dor.
De (M)Ana a 21 de Outubro de 2006 às 17:03
Quando te ouvi falar da doença e dos tratamentos, quando li tudo o que escreveste, pensei para mim que precisava de te fazer perguntas de vez em quando. Porque tinha e tenho muitas dúvidas. E pergunto-te como estás, como te sentes - na esperança que te sintas bem mas esperando também que me digas quando te sentes mal. Mas também sei que há momentos em que é preciso falar das flores, das cadelas da fofoca do dia; momentos em que é preciso cortar na casaca de alguém ou de enaltecer as virtudes de um amigo. Há momentos até em que partilhamos a preocupação com um amigo que nos é querido. Outros em que nos congratulamos com uma boa notíca que um amigo tem para partilhar. A questão é que a vida continua a correr 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem sequer parar 1 segundo para recuperarmos o fôlego! Mas estou aqui para ti e agradeço-te tanto o estares aí para mim. Lembro-me de uma coisa que disseste, no fim de semana antes de começares a fazer o tratamento... Disseste: "Bem... espero que os amigos agora não deixem de ter problemas de repente, não é?"... Fiquei a pensar nisso durante dias... porque, sabes, eu preciso de ti na minha vida e tu sabes que tenho precisado tanto de desabafar... Ainda bem que estás aí, desse lado! Um beijo enorme, minha querida!-)
De Carla a 24 de Outubro de 2006 às 02:41
'A questão é que a vida continua a correr 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem sequer parar 1 segundo para recuperarmos o fôlego! ' - é isso mesmo! A vida continua, manita, seja por mais dois dias ou mais 20 anos. E continuemos a falar de tudo porque assim é que deve de ser :)) Também me sabe bem saber-te desse lado! Um beijo enorme! :))
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